sábado, 30 de julho de 2011

sexta-feira, 17 de junho de 2011

DVD CORPOABERTOCORPOFECHADO





DVD CORPOABERTOCORPOFECHADO


Registros: Arthur Scovino e Edgard Oliva.


Edição limitada, exclusiva e gratuita para os participantes da Mostra de Performance


CORPOABERTOCORPOFECHADO.


Acompanha uma "Tarja pink" (objeto performático) para ser utilizada em caso de enfermidades e emergências afetivas/curatoriais.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Texto aberto

Registro: Arthur Scovino.



Olá personas,

fui muito feliz por ter compartilhado com vcs a minha, o meu "eu aberto e fechado".
agradeço a Z e Edgard pela possibilidade da comunicação e ponte estabelecida.

entendo que aberto e fechado por ser realmente o "corpo", mas este corpo objeto, essa matéria/material manuseável, manupulável, não que nós "humanos" não nos permitamos a isso, porém, nós, sujeitos políticos, somos mais que somente corpo para nos "fecharmos" nesta designação.

a galeria? um corpo fechado, talvez...
nós, contudo, somos fechados e abertos, assim como o caos é harmônico e grotesco.

somos fragmentados, pois diferente do segmento, o fragmento carregará sempre a representação do todo.

galeria ou rua?
em ambos a atuação é política e é necessário que tenhamos clareza destas políticas, não somente "consciência".
em ambos estamos em atuação, em pesquisa, em processo.

mas somos artistas?
somos acadêmicos?
ou acadêmicos-artistas?
ou artistas-acadêmicos?

enfim...

quando busco a resposta para isso penso:
da atuação em qual instância provém o meu sustento?
de qual atuação pago minhas contas?

certamente, na rua ou na galeria, estarei fazendo arte para mim.

mas porque é tão mais difícil na rua?
por que não obtemos retorno financeiro na rua?
será que mesmo na rua eu não apresento uma arte que é para os intelectuais compreenderem?
será que a minha linguagem na rua comunica para quem está/é na rua?
a qual ambiente/universo de linguagem estou afinado?
há diferença de atuar na rua e ser artista de rua?
será possível sermos a mesma coisa?
há preconceitos acerca do artista de rua?

a galeria...
onde encontro a elite que apreciará esteticamente o meu fazer.
onde encontrarei os mecenas.
onde encontrarei outros com intentos e impulsos criadores semelhantes, intelectuais presos na condição elitista do exibicionismo protegido e seguro, quase num sistema condominial, e que, talvez, despertem para o fato que nascemos na rua e que perdemos a rua, na galeria ou no teatro, só apresentamos nossas indagações para a elite, que nos cerca, na qual estamos inseridos, da qual fazemos parte.

talvez, agora, expandimos ainda mais os nossos "modos" e "campos" de atuação, "campos de fala", e damos continuidade à esta empreitada iniciada por Z e Edgard, nos lançando no corpo escancaradamente aberto que é a rua, e quem sabe, nos libertando inclusive, do nosso "corpo-seguramente-fechado" que se inclausura no nosso modus operandi, no nosso fazer linguagem, e abertamente, nos jogarmos com mais ousadia, fugindo dos nossos próprios padrões e regras, certos que somos convencionalizados e que isto nos limita, e nos abrimos em corpos na rua.

quem sabe grandes acontecimentos de happenings sistematicamente organizados com planejamentos e datas para acontecer, onde a cada vez, o grupo executa a ação proposta por alguém.
irmos em massa cósmica, em ser para rua, causar uma mobilização no espaço (nós e onde estivermos) e nos canais de comunicação, com uma ação que seja maior do que os processos individuais de "micropolíticas de poder" que desenvolvemos com nossas "performances".
acredito que este tipo de ação que Z e Edgard nos proporcionaram, este tipo de encontro, aqui em Salvador, esta conexão/rede estabelecida, deva gerar algo nos encontramos todos os dias com todo mundo para tomar uma cerveja. mas e se invés disso, agirmos, atuarmos politicamente, coletivamente, em massa.
e se nos mobilizarmos para que nossas "micropolíticas de poder individual" se tornarem maior que nós mesmos. do contrário, para quê? qual é o propósito? gerar amizades e irmos ao boteco tomar uma! legal, mas bastante blasé. um tanto quanto medíocre, pois
"macropolíticas de poder coletivo".
talvez, consigamos tomar de volta para nós, aquilo que todo o processo capitalista de desenvolvimento da cultural industrial, a cultura de massa nos tomou: a rua!

é isso o que gerou em mim, estar no evento "Corpo Aberto Corpo Fechado".

agradeço a todos.

Axé

Thiago Enoque O'Sabiá
Artista e Produtor
ciaobcena@gmail.com
http://ciaobcenadeartes.blogspot.com/
http://www.flickr.com/photos/ciaobcena

Mensagem encaminhada via e-mail por Thiago Enoque, em 22.05.11





Registro: Arthur Scovino.




Queridos,

fazendo os registros, pude perceber, de forma mais ampla, os diálogos entre cada ação em meio a proposta inicial das possíveis divergências entre o espaço público e o espaço institucional. A Escola de Belas Artes acabou se tornando um símbolo sugestivo para maiores considerações entre arte urbana, tradição e instituição, principalmente quando Laís se coloca em frente às grades fechadas do portão, com sua gaiola, encarando as pessoas que passavam na calçada. Ainda não consigo traduzir em palavras tudo que percebi naquela imagem. O cubo branco não previa, mas teve que suportar os corpos dos artistas (performers e público) em movimentos diversos e acabou se expandindo com a ausência desses mesmos corpos. A galeria se torna cúmplice das obras quando aprisiona os cheiros de chocolate, dendê, rapadura e pimenta; quando troca uma oferenda ao céu por poesia presa no teto; quando acoberta e libera a nudez do artista; quando acomoda e protege a embriaguez de outro; quando serve de ponte para a cura do próprio curador; quando redimensiona a aba do enorme chapéu e se completa expondo os vestígios de cada obra retomando seu papel tradicional de galeria. Acredito na força do grupo, do coletivo, e percebi que, durante todo o tempo, nossas conversas e idéias foram se transformando em adereços para os trabalhos apresentados. Sem falar da amizade que cresce e se multiplica...

Hoje, temos um crescimento significativo de artistas no Brasil e no mundo que trabalham com performance. Acredito que um dos motivos seja a força dessa linguagem artística como possibilidade intensa de pensamento em arte contemporânea e, também, a internet que se mostra como importante canal de comunicação permitindo a interação com o outro como nunca houve na história. Essa mostra, juntamente com o blog, os textos, o artigo escrito a várias mãos, representa a Bahia nessa rede mundial, nessa vida real e virtual, tornando-se uma rica fonte de pesquisa. A proposta-provocação de Zmário só ascendeu o que acredito sempre ter sido nossas inquietações como artistas que atuam nesse mesmo tempo e espaço. O corpo aberto e o corpo fechado ainda estão em ebulição quando pensamos na origem e na história da performance arte, do ritual ao espetáculo, do conceito político-poético à venda para instituições, da participação do público, da arte e da vida...

Agradeço ao convite de Zmário, ao carinho e envolvimento de todos, aos novos amigos!

Arthur.

Mensagem encaminhada via e-mail por Arthur Scovino, em 29.05.11








CORPOS AUSENTES [Manifesto]



O OSSO se propõe como um coletivo de performances urbanas. Queremos dizer com isso a prática, o desenvolvimento de performances em ruas, praças, estações de transbordo, espaços que facilmente localizamos como espaços públicos, pertecentes a todos ou, em seu duplo, pertecentes a ninguém. Contudo, a nossa inquietação não está vinculada a materialidade do espaço, mas sim aquilo que lhe dá vida, dinâmica, fluxo. Nos propomos ir ao encontro dessa alteridade, traduzida genericamente como o transeunte. De certo esse encontro não se dá em um espaço abstrato. Ao longo das mostras, percebemos espacialidades distintas reconhecendo aí o nosso lócus artístico. Essa relação com o outro, a imprevisibilidade dos espaços “artisticamente” não informados são entendidos como elementos constitutivos de cada performance. A avalanche polissêmica nos parece ser mais interessante que a operação de significação. Entendemos, enquanto performistas que somos, um dispositivo, um desencadeador de narrativas menos que uma ruptura ou intervenção, buscamos a rearticulação , a composição entre nós e essa efervecência do dia-a-dia.

Assim, "Corpos Ausentes" foi o caminho que encontramos para dialogar com esse “espaço informado”. Não estamos negando a galeria, realizamos a performance. Os "Corpos Ausentes" não diz respeito apenas a ausência dos corpos do OSSO, mas do rapaz que Rose precisou negociar em sua performance em Cachoeira, os meninos que se apropriaram da casa de Tuti no dique do Tororó, do crente da Bola de Neve Church proibindo a distribuição dos meus santinhos, da senhora que recolheu algumas maçãs em Coirme e Damião de João. Recuperando experiências dos nossos fraturados, os cachorros que perseguiram Alê no Largo da Mariquita. É a ausência de espontâneidade, da falta de controle, da relação...

Com esse trabalho buscamos atender tanto à proposta da mostra quanto não abrir mão da nossa coerência, princípios, ética. Não se traz a rua para a galeria, pode-se tentar, assumindo o risco de cair no terreno da representação. Preferimos assumir a absentia do cubo branco.








Andres Murillo, "Ex-artista". Registro: Arthur Scovino.




Ontem não consegui chegar, Zmário pidio a minha presença "real" na galeria, minha proposta foi estar lá pelo skype, não consegui-mos nemhuma das duas possibilidades... Ontem mais que nada me di conta de que o corpo esta aberto, não tem possibilidade da galeria ser fechada para a rua, não tem como a galeria não ser dependente da rua, esta divisão é simplesmente é uma maneira de ver os espaços e de fragmenta-los... Com a doeça do meu filho consegui ver que a cidade é um todo, não existe privado nem publico, não tem como fechar totalmente um corpo, ele precissa respirar, precissa se movimentar e se alimentar do que tem na rua, a rua precissa de devorar o que é semeado no cotidiano.Com isto acho que a gente poderia começar pensar alem da rua e do espaço fechado, começar pensar no que não conseguimos enxergar na rua que esta na rua... Acho que nossa mostra "corpoabertocorpofechado" ainda não acabou, isto foi simplesmente a abertura de porosidades que permitiram à arte bahiana respirar e permitem agora a nós humanos superar a arte. A mostra foi o convite que agora permite a gente de começar a deixar de ver simplesmente objetos artististicos e iniciar um momento "0" que permitirá ver a vida, ano de rostidade... Novo tempo não fragmentado, não existe "para que" existem caminos proprios de nós-sos corpo(s)... Amo vcs.


Mensagem encaminhada via e-mail por Andres Murillo em 21.05.11



http://andrespinoza.blogspot.com/




Meus caros caríssimos amigos,



[...] Publicarei as reflexões que seguem no blog da mostra assim como a mensagem enviada via e-mail por Andres, que já autorizou a publicação da mesma, como uma maneira de manter nossa discussão viva e aberta a todo e qualquer internauta interessado no tema. Ayrson Heráclito sugeriu a redação de um artigo sobre a mostra para publicação em meio acadêmico, o que acho muito válido se decidirmos por uma escrita coletiva, a várias mãos...
Comungo com o que Thiago Enoque e Andres Murillo constataram e escreveram sobre o tema "CorpoAbertoCorpoFechado". Quando redigi o release da mostra e o propus como uma provocação aos artistas, pretendia esse debate já em andamento. De que maneira nossos corpos (de artista, acadêmico, cidadão, homem, mulher, etc.) e nossas ações mudariam nesse trânsito do espaço público para o espaço institucional? Obviamente, houve, sim, mudanças, transformações, mas o que não existem são esses limites tão categóricos entre um espaço e outro, entre um corpo dito aberto e um outro fechado... Saímos da rua e fomos para a galeria, do espaço aberto para o espaço fechado, saímos de nossa prática como artistas urbanos, de rua (em sua maioria) e assumimos o cubo branco como local de apresentação de nossa arte, de nosso corpo. Nesse trânsito, o que mudou em nossa subjetividade, em cada eu, em cada corpo? As evidências estavam lá: umas mais discretas, outras gritantes, mas tudo lá, na superfície branca da galeria, superfície suporte de nossa cartografia íntima, de nosso fazer artístico muito próprio. A provocação foi de mão dupla, pois, nesse processo, também passei por transformações e conflitos, o que expressei em minha ação "Cura dor: tarja pink" e a cada momento em que me vi questionado no exercício da função de um dito “curador”... No cartaz de divulgação da mostra, grafei “corpoabertocorpofechado” tudo junto para explicitar que, na vida e na arte, estamos nesse trânsito e fluxo constantemente, onde não há dicotomias entre artista e acadêmico, arte e vida, rua e galeria, corpo aberto e corpo fechado, tudo faz parte de um todo, como Andres e Thiago também reconhecem, e em alguns momentos estamos mais propensos a um ou a outro lado dessa mesma moeda. Muito bom que durante a produção da Mostra de Performance "CorpoAbertoCorpoFechado" todos apresentaram esse lado mais afável e amoroso à proposta!

Um abraço de peito aberto!

Trecho de mensagem encaminhada via e-mail por Zmário em 24.05.11




Corpos Presentes. De 16 a 20.05.

Registros: Arthur Scovino.







Registros: Zmário.

















































Corpo Fechado na Galeria. Dia 20.05.

"Bate-Papo Bate-Copo" de encerramento com a participação de Carol Érika (PPGAC-UFBA) sobre a ação: "Na aba do meu chapéu". Registros: Arthur Scovino.














Carol Érika (PPGAC-UFBA).



























Zmário. "Cura dor: tarja pink" (Objeto-Incorporação #2), 2011. Registro: Zmário.
Floral de Bach "Holly", conhaque, anilina pink, tarja pink e recipiente de vidro.